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Anemia: uma das patologias mais frequentes na prática clínica

publicado em 03 Dez. 2018

A anemia constitui a doença do sangue mais comum e afeta cerca de um quarto das pessoas em todo o mundo; consequentemente é das patologias mais abordadas na prática clínica da Medicina Interna, nomeadamente a nível do serviço de urgência.

 

Em rigor, a anemia define-se pela diminuição do número absoluto de glóbulos vermelhos (também designados eritrócitos) no sangue, mas, em termos práticos, corresponde a uma diminuição na hemoglobina, com valores de referência variáveis de acordo com o sexo: inferiores a 13,5 g/dL nos homens e inferiores a 12 g/dl nas mulheres. A apresentação clínica depende da gravidade e da rapidez de instalação: quando é de instalação lenta, os sintomas são muitas vezes inespecíficos e podem incluir fadiga, palpitações, sensação de “falta de ar” ou diminuição da tolerância ao exercício físico; quando a anemia é de aparecimento rápido, a sintomatologia é mais exuberante e inclui muitas vezes confusão mental, sensação de “desmaio” ou mesmo perda de consciência; em geral, só numa fase avançada da doença, a palidez se torna evidente; nos casos de maior gravidade, pode associar-se a arritmias, enfarte agudo do miocárdio ou morte.

 

A maioria dos casos de anemia pode ser diagnosticado tendo em conta o tamanho dos eritrócitos. As causas mais frequentes de anemia microcítica (com eritrócitos pequenos) são a deficiência de ferro, as talassémias e a anemia associada à inflamação crónica. As anemias macrocíticas (com eritrócitos grandes) estão associadas a défices de ácido fólico ou vitamina B12, alcoolismo ou doenças medulares como a mielodisplasia e leucemias. No entanto, a grande maioria dos doentes acaba por ter eritrócitos cuja média de tamanhos é normal – anemias normocíticas. Nestes casos, o esfregaço de sangue poderá identificar subpopulações de eritrócitos com forma ou tamanho distintos, e assim classificar a anemia numa das classes anteriores, levantar a suspeita da presença de hemólise (na presença de eritrócitos de conformação anormal, como se verifica na esferocitose hereditária ou na anemia falciforme) ou de um distúrbio medular mais complexo (como as leucemias ou a anemia aplástica, sugerido pela presença de células anormais em circulação ou significativa variação no número absoluto de plaquetas ou de algum dos subtipos de glóbulos brancos). Neste grupo estão também incluídos os doentes com doenças sistémicas, em que há mais do que um mecanismo causal envolvido (multifatoriais), como a anemia da doença renal crónica ou a anemia associada às neoplasias.

 

O tratamento do doente com anemia vai depender da causa subjacente e da presença, ou não, de sintomas associados. As transfusões de glóbulos vermelhos não são, em geral, recomendadas, a não ser que o valor de hemoglobina seja inferior a 8g/dL. Atualmente estão disponíveis formulações de ferro endovenoso, como a carboxi-maltose férrica, seguras e fáceis de usar, e que permitem a administração de ferro em doses mais elevadas e de forma mais rápida. Constituem uma excelente ferramenta para tratar a deficiência de ferro, e, em muitas circunstâncias, permitem reduzir as transfusões sanguíneas. Os estudos clínicos comprovaram a sua eficácia e segurança para uso em adultos com anemia ferropénica, e, comparativamente às formulações de ferro administradas por via oral, com as vantagens de um período de tratamento menor, melhor adesão, normalização rápida das reservas de ferro e com menor incidência de efeitos adversos do foro gastrointestinal.

 

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