Skip to main content

Cancro do pulmão: tratamento por Cirurgia Videotoracoscópica

publicado em 01 Dez. 2020

A Cirurgia Videotoracoscópica (VATS) revolucionou a forma como os cirurgiões diagnosticam e tratam a patologia pulmonar, iniciando uma nova era na Cirurgia Torácica. A procura de abordagens cada vez menos invasivas levou à evolução dos tratamentos e melhoria da qualidade de vida. Esta é a nossa opção estratégica no tratamento de todas as patologias torácicas e pulmonares e, em particular, no tratamento do cancro do pulmão em estádios cirúrgicos precoces.

 

De facto, tem-se tornado cada vez mais difícil para os cirurgiões torácicos justificarem a não realização de cirurgias por VATS face à forte evidência dos benefícios desta abordagem.

 

 

 

Apesar de os procedimentos toracoscópicos datarem de há mais de 100 anos, foi apenas nas últimas 2 décadas que o interesse pela VATS e pela Cirurgia Torácica Minimamente Invasiva, verdadeiramente nasceu. O passo decisivo foi o desenvolvimento de câmaras endoscópicas de visão panorâmica e de máquinas de sutura automática (staplers) endoscópicas e articuladas, permitindo a realização da primeira resseção pulmonar anatómica por VATS em 1992.

 

Os benefícios da VATS incluem: menor dor no pós-operatório e menor disfunção do ombro, internamento mais curto e mais rápido regresso à atividade diária normal, melhor resultado estético e funcional, menor uso de analgésicos e de ocorrência de dor crónica e melhor qualidade de vida.

 

 

 

O esforço para reduzir ainda mais a agressão, o stresse cirúrgico e a procura por uma abordagem ainda menos invasiva levou a que a abordagem toracoscópica convencional (multiportal) evoluísse para a abordagem toracoscópica por incisão única (uniportal). A VATS uniportal tem a vantagem de mimetizar a exposição e a abordagem da cirurgia aberta, com a diferença de utilizar uma única incisão 2-4 cm e sem a necessidade de uma toracotomia (abertura do peito), nem a utilização de afastador de costelas. O apuramento da técnica, a experiência crescente do cirurgião e a evolução tecnológica permitiram que em 2010 se realizasse a primeira resseção pulmonar anatómica major por VATS uniportal. Desde então, a técnica expandiu-se exponencialmente e as suas indicações alargaram-se a casos mais complexos.

 

Para além das suas vantagens em termos de morbilidade e qualidade de vida, a VATS uniportal tem-se mostrado tão segura e eficaz quanto a VATS convencional, sugerindo mesmo superioridade em termos de prognóstico oncológico. De facto, ao minimizar a agressão cirúrgica, especialmente em doentes com tumores avançados, em que o sistema imunológico está fragilizado, e ao preservar a função pulmonar e permitir o início mais precoce do tratamento com quimioterapia quando necessário, a abordagem uniportal parece estar associada a maiores taxas de sobrevivência e de tempo livre de doença.