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Como devo agir perante a febre?

publicado em 30 Mar. 2022

A regulação da temperatura corporal depende do equilíbrio entre produção de calor e perda de calor por trocas com o meio ambiente que são, maioritariamente, pela pele, emissão de urina e fezes. Havendo elevação de temperatura corporal, o centro termorregulador hipotalâmico (hipotálamo é a região do cérebro implicada na regulação de múltiplas funções do organismo) ativa o sistema nervoso autónomo, que funciona independente da vontade e consiste em neurónios que conduzem impulsos desde o cérebro e/ou medula espinal até às glândulas, músculo liso e músculo cardíaco, que determinam a dilatação dos vasos sanguíneos da pele e aumentam a produção de suor.

 

Dependendo da idade e características individuais, a temperatura pode oscilar fisiologicamente entre 36ºC (início da manhã) e 37,5ºC (fim da tarde). Na prática clínica, a temperatura é medida com termómetros digitais nas axilas ou tímpano. Este último tem vindo a ser privilegiado. Designa-se por febre, a elevação da temperatura oral acima dos valores de 37,2ºC de manhã ou dos 37,7ºC à tarde, secundária, por exemplo, a processos inflamatórios, infeções (vírus ou bactérias), alergias, à ação de medicamentos ou vacinas. Existem outras causas comuns de febre como a exposição a grandes temperaturas ambientais, uso de roupa excessivamente grossa, excesso de exposição ao sol (insolação) ou atividade física intensa. A maior parte das febres está associada a infeções autolimitadas, geralmente virais, e tem causas que são facilmente identificadas.

 

É frequente serem referidos os seguintes sintomas: sensação de mal-estar, dores musculares, dor de cabeça, falta de apetite, tremores, sensação de frio, aumento das frequências cardíacas e respiratórias, “pele de galinha”, pele pálida e fria, vermelhidão da face, perturbações neurológicas, como desorientação ou quadros delirantes (sobretudo nas pessoas idosas), e convulsões.

 

Os doentes, normalmente, encaram a febre como uma doença e há a preocupação com o seu pronto tratamento. A febre, geralmente, é benéfica, pois é um sinal de defesa contra os agentes patogénicos. O tratamento deve, primariamente, direcionar-se à causa do problema. Na infeção gripal, uma doença aguda viral, que afeta as vias respiratórias, o vírus é transmitido através de partículas de saliva expelidas através de tosse e de espirros, mas também por contacto direto (através das mãos), sendo que a doença tem início súbito.

 

Antes de mais, o mais importante passa por saber manusear corretamente o termómetro. Posteriormente, despir o máximo de peças de roupa, para que se possa efetuar o “arrefecimento natural”, podendo mesmo ser aplicadas na pele toalhas molhadas ou colocar o doente em água morna – nunca fria. Saliento que com o calafrio que o doente apresenta se deve evitar colocar mais roupa, podendo assim contribuir ao agravamento do estado febril. Preconizar o reforço da ingestão de líquidos (água e sumos de frutos), repouso até a febre baixar e até o doente se sentir melhor, como promover uma temperatura ambiente confortável.

 

Os medicamentos (antipiréticos) são os mais usuais, como o paracetamol e o ibuprofeno (3 vezes ao dia), que podem ser intercalados a cada 4 horas. O Oseltamivir é um medicamento antiviral exclusivamente indicado nos doentes com várias comorbilidades ou em risco de complicações nas 48 horas após os primeiros sintomas da infeção. Não podemos esquecer a importância da vacinação para os grupos de doentes prioritários.

 

Os doentes que desenvolvem sinais de gravidade devem consultar um médico imediatamente, recorrendo ao serviço de urgência. Dependendo da idade da pessoa, de outros sintomas e do estado clínico conhecido, o médico pode pedir para a pessoa se deslocar para avaliação ou recomendar tratamento em casa. Geralmente, as pessoas devem consultar um médico se a febre durar mais de 3 ou 4 dias, independentemente de outros sintomas.