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“Coronafobia”: os efeitos colaterais da pandemia

publicado em 07 Mar. 2021

A pandemia COVID-19 é o maior desafio de saúde pública deste século. Parte do desafio reside nos efeitos colaterais da pandemia, sendo um deles o impacto psicossocial.

 

A “coronofobia” refere-se ao medo da doença, do contágio e do estigma associado e pode despoletar sintomas psiquiátricos. É fruto de 3 fatores: doença, receio de contágio e sentimentos de culpa pelo contágio a terceiros; as medidas governamentais de combate à pandemia condicionam a liberdade, impactando o bem-estar socioeconómico e fomentando o isolamento social e outros comportamentos depressivos; a “pandemia de informação”, combater a desinformação é essencial, contudo, o assoberbamento de notícias recorrentes pode induzir ansiedade, pânico, obsessão, paranoia e depressão.

 

Há grupos demográficos particularmente suscetíveis a este problema:

 

  • Idosos – o medo da doença, pela maior gravidade nesta faixa etária, e o isolamento, por vezes já preexistente e agravado pela pandemia, associam-se a sintomas de irritabilidade, ansiedade, raiva, medo e declínio cognitivo. A dificuldade em recorrer às alternativas informáticas contribui negativamente. O apoio da família/comunidade pode colmatar estas dificuldades, para garantir um contacto social saudável, acesso a bens essenciais, prevenir o abandono terapêutico e preservar o acompanhamento médico adequado.
  • Crianças – é frequente surgir irritabilidade, aborrecimento, ansiedade, medo da doença e prejuízos no desenvolvimento neste contexto. Apesar de desafiante para os pais, é necessário manter o mesmo ritmo diário pré-pandemia, respeitando horas de sono, estudo, lazer e exercício físico. O apoio às aulas online é importante pelo prejuízo educativo inerente. Informar as crianças de forma clara e concisa sobre a doença, sem desvalorizar ou exagerar os seus perigos, é produtivo para a sua estabilidade emocional.
  • Doentes COVID-19 – doentes infetados e pós-cura têm prevalência elevada de ansiedade, pânico, depressão e sentimentos de solidão. O medo de discriminação, marginalização e implicações socioeconómicas pode levar o doente a mascarar a doença, agravando o risco em termos de saúde pública. É essencial manter o contato virtual com os familiares, durante o internamento, quarentena e pós-cura, abordando também o estado de saúde do doente. A vigilância do foro psicológico deve ser feita em todos estes tempos, podendo ser adequado o acompanhamento especializado.
  • Doentes Psiquiátricos – têm maior risco de contágio, pior prognóstico no caso de infeção e risco de agravamento da sua doença psiquiátrica de base. O confinamento causa disrupção na rotina de acompanhamento e de tratamento, podendo conduzir a abandono terapêutico e risco de incumprimento das regras de combate à pandemia. Torna-se importante garantir o acompanhamento médico adequado e o cumprimento terapêutico, muitas vezes sendo essencial o apoio de familiares/cuidadores.

 

Atente ao seu bem-estar. Faça uma “dieta informativa”, privilegie fontes fidedignas de informação, renegando as mais sensacionalistas e a desinformação, mas com uma frequência razoável para evitar o assoberbamento e obsessão pelo tema. Não descure a sua saúde física e psicológica! No Grupo Trofa Saúde pode encontrar o apoio que necessita, respeitando as condições de segurança exigidas.