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Doença de Alzheimer

publicado em 05 Jul. 2019

As doenças degenerativas do sistema nervoso central caracterizam-se por deposição de proteínas anómalas que provocam uma progressiva perda de funções cerebrais. Dentro das doenças neurodegenerativas encontramos o subgrupo das demências, no qual colocamos a doença de Alzheimer.

 

Para fazer o diagnóstico de uma demência, é necessário haver evidência de degradação de determinadas funções cerebrais, quer cognitivas, quer comportamentais, que provoquem repercussão no dia a dia do doente. A sua prevalência na população aumenta com a idade, estimando-se que cerca de 20% dos doentes com mais de 80 anos sofram de uma demência.

 

Das funções cerebrais, a que mais frequentemente é atingida nas fases mais precoces da doença de Alzheimer é a memória. Há uma degradação progressiva da memória de curto prazo, frequentemente com discurso repetitivo e esquecimentos (deixar o fogão ligado, a torneira da água ligada, a porta de casa aberta) associada a dificuldade em formar novas memórias e, por isso, incapacidade de apreender novas informações.

 

No entanto, existem mais funções cerebrais que vão sendo também efetadas ao longo da evolução da doença. As funções visio-espaciais, responsáveis pela orientação no espaço e no meio envolvente podem levar a que o doente se perca num caminho que anteriormente fazia sem problemas. A linguagem fica mais pobre, usam menos palavras, podem trocar ou esquecer o nome de objetos ou serem incapazes de referir para que servem. As funções executivas, responsáveis pelo planeamento de tarefas e resolução de problemas, ficam também afetadas, provocando muitas vezes irritabilidade ou passividade no doente perante a incapacidade em resolver determinadas situações. Por fim, as alterações comportamentais, um espectro que vai desde a apatia e menor iniciativa para realizar tarefas que antes gostavam de fazer, até à agressividade, verbal ou física, muitas vezes para com os familiares mais próximos, assim como atividade alucinatória visual ou delírio persecutório, verbalizando que alguém lhes quer fazer mal.

 

A progressão da doença dá-se ao longo de anos a décadas, de forma lenta, mas progressiva. O seguimento em consulta de Neurologia é fundamental para um correto diagnóstico e orientação terapêutica. Muitas vezes, só com avaliações espaçadas no tempo é possível comprovar o diagnóstico.

 

A avaliação inicial de um doente com suspeita de demência obriga à realização de testes de função cognitiva, assim como exames complementares de diagnóstico, com estudo de imagem cerebral (por tomografia computorizada ou ressonância magnética) e um estudo analítico exaustivo, por forma a identificar potenciais causas reversíveis para a situação clínica.

 

Apesar de não haver tratamento dirigido especifico para esta doença, existem múltiplas atitudes farmacológicas importantes para o controlo de determinados sintomas.
A intervenção sobre o humor, sobre o ciclo sono-vigília e o controlo do comportamento é frequentemente abordada e corrigida em consulta de Neurologia para garantir a estabilidade destes doentes.

 

A manutenção da atividade física e cognitiva, assim como o controlo de fatores de risco vasculares como a hipertensão arterial, a dislipidemia e a diabetes mellitus, são também importantes medidas de redução da velocidade de progressão da doença.

 

Para além disso, as atitudes não farmacológicas são também importantes aspetos abordados na consulta, permitindo a quem cuida destes doentes aprender a lidar com as dificuldades e perceber e antecipar necessidades futuras.