O joanete, ou hallux valgus (termo técnico), é uma das deformidades mais comuns do pé, caracterizada pelo desvio lateral do dedo grande e pelo desvio medial do primeiro metatarso (provocando a saliência característica na base do primeiro dedo).
As causas não são completamente conhecidas, no entanto existem fatores que aumentam o risco de aparecimento da deformidade.
Exemplos de fatores de risco intrínsecos ao doente:
- Sexo feminino (afeta cerca de 10 a 15 vezes mais as mulheres que os homens)
- Hereditário
- Pé plano (“pé raso” ou “pé chato”)
- Doenças reumatológicas
Exemplos de fatores de risco extrínsecos ao doente:
- Calçado (utilização frequente de calçado de ponta fina e com saltos, por exemplo)
- Sobrecarga provocada pela atividade física
Normalmente, existe uma combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos ao doente que resulta no joanete.
Trata-se de uma deformidade progressiva que, numa fase inicial, pode provocar desconforto esporádico local que agrava com o calçado apertado. Pode provocar também edema, rubor (“articulação inchada e vermelha”) e calosidades dolorosas.
Com o agravamento, pode aparecer dor constante, incapacidade de usar calçados e limitação funcional associada a alteração da biomecânica da marcha.
O diagnóstico é feito com base na história clínica e na avaliação física especializada. A radiografia em carga é útil para determinar a gravidade da lesão e orientar a escolha do tratamento. Nalguns casos, poderá ser necessário uma avaliação por TAC ou RMN.
Tratamento
Não existe um tratamento único para todos os joanetes, ou seja, a escolha do tratamento é feita caso a caso.
Não é necessário realizar tratamento nos doentes com hallux valgus sem sintomas ou repercussão funcional.
Nos casos ligeiros, poderá ser recomendado o tratamento conservador (não cirúrgico), tais como adaptação do calçado, analgésicos e anti-inflamatórios. Não há evidências de que os espaçadores e outras ortóteses melhorem a deformidade.
Se o tratamento conservador não resultar ou nos casos com deformidades mais graves e sintomáticos, o tratamento cirúrgico deverá ser recomendado
Tratamento cirúrgico – é o único capaz de corrigir a deformidade.
Muitos doentes relutam em corrigir o problema devido ao imaginário de que a cirurgia é muito agressiva e dolorosa
Do ponto de vista cirúrgico, as técnicas atuais tornaram-se mais precisas, mais confiáveis e menos invasivas, permitido uma recuperação mais rápida (com sapato apropriado o doente pode apoiar o pé no chão no dia seguinte!) e menos dolorosa.
Existem centenas de técnicas descritas.
A via percutânea, por exemplo, permite que o procedimento seja realizado através de pequenas incisões sem exposição dos planos ósseos e com menor agressão aos tecidos moles, permitindo uma cicatrização e mobilização precoce e com pouca dor.