O que se esperava com o confinamento: as pessoas passam mais tempo em casa, o que leva a uma melhoria da criatividade, do erotismo e da intimidade do casal.
Com o isolamento social a saúde física e mental ressentiu-se. A atividade física diminuiu, o estilo de vida tornou-se mais sedentário, a atividade cognitiva diminuiu, tendo aumentado a ansiedade e o stress emocional, a depressão por empregos em risco e necessidade de readaptação do trabalho. Aumentou a dificuldade no acesso aos cuidados de saúde e agravou a saúde sexual dos portugueses.
A mudança de hábitos de convívio social, dificuldade nos encontros amorosos, alterações económicas e psicológicas tiveram impacto no desempenho sexual, tanto maior quanto já previamente se encontrava abalado por alguma condicionante orgânica.
O número de doentes com problemas andrológicos aumentou marcadamente, com o fator psicogénico a ser o desencadeador. Neste contexto de incertezas em relação ao vírus, à doença, com a população numa angústia social e com problemas financeiros, a saúde física mental e sexual ressentiu-se.
Quem já apresentava algum grau de disfunção sexual, quer a nível do desejo, quer a nível orgânico, pode ter agravado o seu problema. As queixas mais frequentes no homem são a disfunção erétil, as alterações do orgasmo e da ejaculação. A diminuição da motivação para procurar tratamento leva, por vezes, a um exacerbar das situações de conflito e stress com a/o companheira/o. Por outro lado, o tratamento da ansiedade e da depressão leva em muitos casos, ao aparecimento ou agravamento das disfunções sexuais, havendo necessidade de os ajustar para quebrar este círculo vicioso.
Mais do que nunca, esta é altura para realizar um rastreio à sua função sexual, pelo maior tempo que tem disponível e evitar o agravamento de algum problema orgânico de base. As causas de disfunção sexual podem ser endócrinas, vasculares, neurológicas, além de psíquicas.
Os problemas vasculares estão na base da maioria das disfunções orgânicas e devemos tentar tratá-las na fase da doença endotelial. As artérias que irrigam o pénis são terminais, como as do coração, mas são 4 vezes mais pequenas, obstruindo mais precocemente. Através do seu estudo, podemos, muitas vezes, antecipar outras doenças cardiovasculares (ex.: enfarte do miocárdio).
Está demonstrado que a frequência da relação sexual e os eventos cardiovasculares estão inversamente relacionados. A atividade sexual em qualquer faixa etária, mas particularmente entre os 50-90 anos, leva a melhorias cognitivas, cardiovasculares e mentais (melhoria da depressão, da ansiedade e da sensação de solidão).
Existem tratamentos médicos (endócrinos, vasculares, psíquicos) e novos tratamentos das patologias penianas que poderão ajudá-lo. Manter uma vida sexual saudável é aumentar a sua longevidade, as suas capacidades intelectuais e o seu bem-estar.