Skip to main content

Perturbações do espetro do autismo: como se diagnosticam?

publicado em 01 Abr. 2022

As perturbações do espectro do autismo (PEA) são perturbações do neuro-desenvolvimento caracterizadas por dificuldades ao nível da interação social e da comunicação, associadas a comportamentos repetitivos e interesses por objetos ou assuntos específicos.

 

Dentro do espectro, existe uma multiplicidade de formas de apresentação, desde os quadros clínicos mais ligeiros até aos mais graves. O diagnóstico das PEA é clínico baseando-se nos sinais e sintomas apresentados, podendo ser necessário recorrer a meios complementares de diagnóstico em casos específicos (RMN cerebral, EEG de sono, estudo metabólico ou genético, avaliação cognitiva, avaliação auditiva).

 

As dificuldades ao nível da interação social podem ser variadas: crianças com tendência ao isolamento, que não brincam com outras crianças, que não gostam de ser tocadas, crianças que parecem viver num mundo só delas. Ao nível da comunicação, as lacunas podem existir no contacto ocular, crianças que não olham nos olhos do interlocutor; a linguagem verbal pode ser inexistente ou existir com alterações: neologismos (palavras “inventadas” pela própria criança), falar de si na terceira pessoa, a repetição frequente de frases ou palavras dos outros (ecolalia), a dificuldade em entender os segundos sentidos das afirmações ou as metáforas, a criança que não responde quando é chamada pelo seu nome, apesar de não ter dificuldades auditivas. Os comportamentos repetitivos a que chamamos estereotipias motoras podem ir desde o balanceio frequente aos movimentos rotativos das mãos ou à marcha em bicos de pés.

 

Estas crianças podem mostrar um fascínio por objetos com movimentos de rotação, podendo passar longos minutos a observar uma máquina de lavar roupa em funcionamento ou a rodar as rodas de um vulgar carrinho de brincar, não o usando para a função esperada.

 

É, também, frequente a atração por estímulos sensoriais particulares como as luzes fluorescentes que iluminam as divisões, podendo a criança ficar absorta durante longos momentos na sua contemplação. Por vezes, estes meninos recorrem a tentativas de autoestimulação visual, aproximando excessivamente os objetos dos seus olhos; outras vezes são crianças com hipersensibilidade a estímulos específicos.

 

O prognóstico das PEA é influenciado pela precocidade do diagnóstico realizado por um médico pedopsiquiatra e pelo início das intervenções terapêuticas adequadas a cada caso.