O aleitamento materno é amplamente reconhecido como a forma ideal de alimentação nos primeiros meses de vida, não apenas pelos seus benefícios nutricionais e imunológicos, mas também pelo seu papel fundamental na promoção da sustentabilidade em múltiplas dimensões: ambiental, social e económica. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo até aos seis meses de idade, com continuação até aos dois anos ou mais, em combinação com outros alimentos adequados (OMS, 2023).
A Semana Mundial da Amamentação (SMAM) ocorre entre os dias 1 e 7 de agosto e o tema deste ano é: “Priorizemos a Amamentação: Construindo Sistemas de Apoio Sustentáveis”, enfatizando que amamentar não é apenas um ato individual – é essencial criar estruturas de apoio, sejam elas políticas, nos locais de trabalho, serviços de saúde qualificados e redes comunitárias que sustentam mães e famílias nesta jornada.
Do ponto de vista ambiental, o leite materno constitui um recurso natural, renovável e produzido localmente, sem necessidade de processamento industrial, embalagem ou transporte. Por oposição, a produção de fórmulas infantis implica elevados custos ambientais, incluindo o consumo intensivo de água e energia, a emissão de gases com efeito de estufa e a geração de resíduos sólidos (Rollins et al., 2016). Estudos demonstram que o aumento das taxas de aleitamento materno pode contribuir significativamente para a redução do consumo de recursos associada à alimentação infantil.
No plano social, a amamentação promove a equidade ao garantir acesso universal a um alimento seguro, nutritivo e gratuito. Em contextos de vulnerabilidade, o aleitamento materno representa uma estratégia eficaz para prevenir a malnutrição infantil e reduzir desigualdades em saúde. Além disso, reforça o vínculo mãe-bebé e favorece o desenvolvimento psicossocial da criança (Victora et al., 2016).
Quanto ao impacto económico, o aleitamento materno reduz os custos diretos e indiretos relacionados com o tratamento de doenças infeciosas, alérgicas e crónicas, tanto em crianças como em mães. Estima-se que o aumento das taxas de amamentação poderia gerar economias significativas nos sistemas de saúde pública e aumentar a produtividade futura das populações (UNICEF, 2020).
Em suma, o aleitamento materno deve ser entendido não apenas como uma prática de saúde, mas também como uma ação estratégica para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em particular aqueles relacionados à saúde, igualdade de género, redução das desigualdades e ação climática. A sua promoção requer políticas públicas robustas, apoio institucional e a mobilização da sociedade em torno de uma cultura de cuidado e sustentabilidade.