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“Problema de amortecedores” no joelho

publicado em 20 Fev. 2022

O joelho é uma articulação de carga entre 3 ossos: o fémur, a tíbia e a rótula. Realiza movimentos de flexão, extensão e rotação, permitindo-nos assim realizar as nossas atividades de vida diária, como sentar e levantar, andar, correr, saltar, etc. No entanto, para todas estas atividades que envolvem carga e impacto no joelho, há duas estruturas essenciais que funcionam como amortecedores: o menisco medial (ou interno) e o menisco lateral (externo).

 

O menisco é uma estrutura semicircular, em forma de C, que tem inúmeras e importantes funções no nosso joelho: absorve e distribui as cargas por todo o joelho; dá estabilidade entre o fémur e a tíbia; permite a nutrição da cartilagem; tem papel na proprioceção do joelho, isto é, a capacidade de o nosso cérebro ter uma noção espacial de onde se encontra o nosso joelho durante o repouso e o movimento. O menisco divide-se em 3 zonas, de acordo com quantidade de sangue que recebe: zona branca (menos vascularizada), zona vermelho-branca e zona vermelha (mais vascularizada).

 

A história típica de rotura meniscal consiste numa entorse do joelho. Esta entorse tende a resultar de um movimento de rotação durante atividade desportiva ou, num menisco já mais desgastado, pode resultar de um simples agachamento, com flexão extrema do joelho. Estes movimentos levam a que o menisco possa ficar “entalado” entre o fémur e a tíbia, o que origina uma rotura. Assim, é típico os sintomas serem de dor em carga, na flexão e/ou rotação, com ou sem derrame articular, podendo a dor ser medial ou lateral, dependendo do menisco lesionado.

 

O diagnóstico é obtido através de colheita da história clínica e exame objetivo cuidados, devendo sempre ser complementados com a realização de uma ressonância magnética para confirmação e caraterização da lesão. O tipo e a localização da rotura vão definir o tratamento.

 

O tratamento pode ser conservador numa fase inicial, mas tende, na maioria dos casos, a ser cirúrgico. Utilizamos uma via minimamente invasiva através da introdução intra-articular de uma câmara, com acesso ao joelho por dois pequenos portais, sendo esta técnica denominada de Artroscopia. Quando estamos na presença de uma rotura na zona branca ou uma rotura demasiado complexa, opta-se por retirar parte do menisco lesionado (Meniscectomia parcial), pois este não tem poder de cicatrização. Na presença de uma rotura na zona vermelha e/ou rotura simples, é importante tentar realizar uma Sutura meniscal para promover a cicatrização.

 

É essencial tentar salvar o menisco. Quanto mais menisco conseguirmos salvar, menos perda de função amortecedora do joelho vamos ter e, por consequência, adiamos o desgaste da cartilagem e preservamos durante mais anos um joelho funcional e indolor.