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Rastreio do cancro colorretal: o que todos devemos saber

publicado em 30 Set. 2020

O cancro colorretal (CCR) é a segunda causa mais comum de morte relacionada com cancro na Europa, sendo o cancro digestivo mais comum, responsável por 13% de todos os cancros.

 

No entanto, o prognóstico do CCR é relativamente bom quando comparado com todas as outras principais doenças oncológicas gastrointestinais.

 

A maioria dos cancros colorretais desenvolve-se a partir de pólipos pré-malignos. Os dois tipos de pólipos mais comumente detetados são “adenomatosos” e “hiperplásicos”. Pólipos adenomatosos (também chamados de adenomas) tornam-se cancerosos com o tempo, e essa progressão leva pelo menos 10 anos na maioria dos indivíduos. Os exames de rastreio do CCR podem detetar pólipos e cancros.

 

Se um pólipo for encontrado, é removido evitando-se que evolua para uma fase mais avançada. O rastreio regular e a remoção de pólipos reduzem o risco de desenvolver CCR (em até 90% com a colonoscopia). Por outro lado, a deteção precoce de cancros que já estão presentes no intestino aumenta a probabilidade de um tratamento bem-sucedido.

 

O risco de CCR aumenta à medida que a pessoa envelhece, e a maioria ocorre em pessoas com mais de 50 anos de idade, pelo que o rastreio deverá ser iniciado nessa idade. Alguns indivíduos têm fatores adicionais que aumentam o risco de cancro (fatores de risco genéticos: síndromes genéticas familiares, história pessoal ou familiar de CCR ou pólipos, doença inflamatória intestinal; e fatores de risco comportamentais: dietas ricas em gorduras e carnes vermelhas ou processadas e pobre em fibras, sedentarismo, tabagismo, consumo de álcool e obesidade), podendo alterar o momento em que se inicia o referido rastreio.

 

Os exames disponíveis para rastreio do CCR podem detetar adenomas e permitir a prevenção do cancro e/ou detetar cancros em fases iniciais mais tratáveis. Em Portugal, o rastreio do CCR pode ser feito essencialmente por duas técnicas, a colonoscopia e a pesquisa de sangue oculto nas fezes. A colonoscopia permite que o médico veja o revestimento de todo o cólon, incluindo o reto. A colonoscopia é o mais sensível dos testes disponíveis pois deteta a maioria dos pólipos pequenos e quase todos os pólipos grandes e cancros, reduzindo substancialmente o risco de desenvolver e morrer de CCR.

 

A pesquisa de sangue oculto nas fezes avalia as fezes em busca de sangue, que pode estar presente se houver perdas não percetíveis de sangue (por CCR ou outras causas). Se o teste for positivo, todo o intestino deve ser examinado com colonoscopia. No entanto, como os pólipos raramente sangram, o teste pode ser negativo neste contexto. Além disso, “falsos positivos” são comuns, o que significa que muitas pessoas com teste de fezes positivo não terão CCR.

 

A estratégia de rastreio correta para cada indivíduo depende do risco individual de CCR. Essa questão deve ser conversada com o médico, devendo-se abordar as questões de quando começar o rastreio, quais as opções disponíveis e com que frequência deve ser feito. Pessoas com risco médio de CCR devem começar o rastreio aos 50 anos, recomendando-se uma colonoscopia a cada 10 anos (na ausência de alterações) ou pesquisa de sangue oculto nas fezes anualmente. A partir do momento em que a colonoscopia seja realizada, a vigilância subsequente deverá ser sempre através desta técnica. Para a maioria das pessoas, o rastreio deve continuar até aos 75 anos de idade, podendo ser estendida até aos 85 anos se a expectativa de vida for de 10 anos ou mais.

 

O rastreio de indivíduos com risco aumentado pode envolver o início do rastreio numa idade mais jovem, e exames mais frequentes. Nestes casos deve ser dada preferência à colonoscopia dada a sua maior sensibilidade.

 

Consulte o seu médico de confiança e aconselhe-se. Não se esqueça que a prevenção e a realização periódica de exames médicos pode salvar a sua vida.