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Automutilação em adolescentes: fatores de risco e intervenção

publicado em 03 Dez. 2022

A adolescência é uma fase de desenvolvimento que aporta inúmeras alterações resultantes em mudanças físicas, sociais, cognitivas, comportamentais e emocionais, sendo também um período de enorme conflito interno.

 

A automutilação é um modo disfuncional de enfrentar situações, praticada predominantemente por adolescentes que possuem estratégias desadaptadas para encarar problemas, pouca regulação emocional e habilidade limitada para as dificuldades do dia a dia, tornando-se um comportamento grave e incapacitante, caso persista na idade adulta. Trata-se de uma descarga de experiências emocionais dolorosas, onde se privilegia a dor física e se desvia a atenção de uma tensão psíquica. Esta troca da dor psicológica pela dor física torna este comportamento repetitivo.

 

Existem diversos fatores de risco que interferem num desenvolvimento saudável, salientando-se os acontecimentos de
vida adversos, as fragilidades familiares, o bullying, a baixa autoestima e autoconfiança, sintomatologia depressiva, o abuso sexual, orientação sexual, dificuldades na expressão de emoções e o “contágio” social por meio de ambientes reais e virtuais.

 

É fulcral que os casos sejam identificados precocemente e realizado o tratamento adequado, que vai depender de uma abordagem multidisciplinar, podendo incluir o uso de medicação e o acompanhamento psicológico. Em casos mais graves, pode mesmo exigir a hospitalização.

 

É normal que os doentes, ao procurarem ajuda para encontrar meios mais adequados de lidar com os seus problemas, apresentem várias resistências ao processo.

 

No acompanhamento psicológico, pretende-se que os jovens encontrem respostas apropriadas às suas emoções, assim como a modificação de crenças disfuncionais que têm de si próprios e
dos outros. A intervenção passa pela alteração de pensamentos, emoções e comportamentos, reproduzindo técnicas que visam a autorregulação e a reavaliação de situações. Ainda neste âmbito, inclui-se o treino de competências, meditação, relaxamento muscular, competências de controlo de impulsos e auxílio na resolução de problemas.

 

O tratamento engloba ainda a família, pois os pais tendem a apresentar-se nas consultas muito angustiados. É imprescindível proporcionar a comunicação entre os mesmos, para que o adolescente se sinta mais seguro, valorizado e confiante. Este é um momento de fortalecimento do vínculo e que deve fazer parte da rotina familiar.

 

Se apresenta estes comportamentos ou alguém próximo de si, não hesite em procurar ajuda!