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Osteoporose: um inimigo a evitar

publicado em 12 Out. 2020

A Osteoporose (OP) define-se como uma doença em que há redução da massa óssea e deterioração, levando ao aumento da fragilidade óssea e consequente propensão para fraturas. A OP está associada ao natural envelhecimento da população e aumento da esperança média de vida, levando a um aumento do número de fraturas de fragilidade com taxas de morbilidade e mortalidade significativas. É uma das doenças mais prevalentes da espécie humana.

 

As doenças reumáticas são o principal motivo de consulta nos cuidados de saúde primários e são também a principal causa de incapacidade temporária para o trabalho e de reformas antecipadas por invalidez.

 

Por definição, o diagnóstico de OP estabelece-se face ao resultado decorrente de um exame chamado densitometria óssea, que mede a densidade mineral óssea em g/cm2, que, no fundo, reflete cerca de 80% da sua resistência mecânica face às adversidades que somos sujeitos no dia a dia. De grosso modo, através desse resultado obtido estabelecesse uma comparação face à média de densidade mineral óssea prevista em adultos jovens saudáveis do mesmo sexo, chegando a um desvio padrão que, consoante se encontre acima ou baixo do previsto da média do pico de massa óssea, nos permite inferir um score, o chamado “T-score”, que nos dá uma noção geral do risco de fratura.

 

À luz do conhecimento atual, o paradigma clínico alterou-se e o objetivo do médico passa primordialmente pela prevenção de novas fraturas de fragilidade. Assim, na última década, o limiar de intervenção alterou-se e a decisão de iniciar versus não iniciar tratamento anti-osteoporótico não tem que ver com o diagnóstico per se de OP, mas sim com o risco absoluto estimado de fratura a 10 anos. Nesse âmbito, a par do que acontece noutros países europeus, foi criada uma ferramenta de cálculo de risco (Fracture Risk Assessment Tool – FRAX) mediante estudos de custo-eficácia, validada para a população portuguesa, que informa o médico se deve ou não iniciar terapêutica.

 

Em termos práticos, todos os portugueses com mais de 50 anos devem ser rastreados quanto ao risco de fratura no momento da consulta, desta forma identificando e corrigindo potenciais fatores de risco favorecedores de OP. De notar que em indivíduos mais jovens será sempre de extrema importância calcular o risco quando o médico entender que certos fatores estão presentes ou aquando do surgimento de fraturas de fragilidade. Tal importância de uma boa anamnese e exame físico que nos ponha na pista desta patologia deve-se ao facto da noção que a saúde óssea é influenciada, essencialmente durante a nossa infância e adolescência, através de fatores genéticos, hormonais, nutricionais, quer da própria atividade física e medicação crónica de cada doente.

 

A nível terapêutico compete quer ao Médico de Medicina Geral e Familiar, quer ao Reumatologista visar medidas, por um lado, não farmacológicas (incentivo da prática de atividade física, prevenção da ocorrência de quedas, aporte adequado de cálcio e exposição solar), por outro, o começo de terapêutica anti-osteoporótica, em primeira linha e quando não contraindicado, o início de terapêutica anti-reabsortiva, de que fazem parte um grupo de fármacos chamados bifosfonatos, fármacos de custo-eficaz na redução de todos os tipos de fratura (vertebral, não-vertebral e da anca).

 

Sempre que causas secundárias possam estar envolvidas, haja contraindicação para determinado fármaco anti-osteoporótico, não haja uma boa evolução clínica pela parte do doente ou haja dúvidas sobre que fármaco prescrever, o Médico de Medicina Geral e Familiar deverá solicitar consulta de Reumatologia por forma à avaliação e otimização terapêutica desta condição tão invisível, mas tão comummente frequente entre os Portugueses.