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Mordida Aberta Anterior: Importância De Uma Abordagem Multidisciplinar

publicado em 22 Mai. 2019

A mordida aberta é um tipo de má oclusão que se caracteriza pela ausência de contato entre os dentes superiores e inferiores, podendo ocorrer tanto zona anterior como na zona posterior da cavidade oral, ou, mais raramente, em todo o arco dentário. Este tipo de alteração pode existir em qualquer faixa etária, crianças, adolescentes ou até mesmo adultos.

A mordida aberta anterior merece toda a nossa atenção, pois, acarreta um maior compromisso funcional e estético, sendo frequentes, além de alterações dentárias e esqueléticas, perturbações da respiração, da fonética e da função mastigatória.

PRINCIPAIS CAUSAS

  • Hábitos de sucção oral deletérios (sucção do dedo e/ou de chupeta): O hábito de sucção digital ou de chupeta e? considerado normal ate? os 4 anos de idade. O abandono dos hábitos de sucção, associado a um padrão normal de crescimento leva há autocorreção da mordida aberta anterior existente. Está demonstrado que o aparecimento desta má oclusão depende da frequência, intensidade e duração do hábito de sução e ainda do padrão de crescimento facial da criança (faces longas).
  • Respiração bucal e hipertrofia das amígdalas: A respiração oral constitui uma síndrome multifatorial, de difícil diagnóstico. A obstrução das vias áreas superiores (obstrução nasal) normalmente deve-se a hipertrofia das amígdalas e/ou adenoides, desvio de septos e rinites alérgicas. Estas alterações, atuando ao longo do tempo, podem condicionar o padrão de crescimento facial, com significativas repercussões na morfologia dos maxilares.
  • Posicionamento lingual atípico: No passado, a interposição lingual (deglutição infantil) era apontada como uma das principais causas das mordidas abertas anteriores. Nos dias de hoje, a persistência da deglutição infantil é considerada um fator coadjuvante, atuando mais como agravante deste tipo de má oclusão.

TRATAMENTO

O plano de tratamento depende da causa deste tipo de má oclusão e do “timing” em que é feita a respetiva correção (dentição decídua, mista ou permanente).

O tratamento corretivo (dentição permanente) é bastante complexo, lento e com alto risco de recidiva. Logo o tratamento intercetivo (dentição decídua e mista) da mordida aberta anterior e? fundamental, pois, não só melhora de forma significativa os aspetos estéticos, funcionais e psicológicos da criança, como também é mais efetivo e estável ao longo do tempo.

No entanto, não basta a correção do problema dentário, é essencial que o ortodontista possua uma visão global das causas e do tratamento desta má oclusão, para que possa encaminhar o seu doente ao otorrinolaringologista (antes do tratamento), principalmente os respiradores orais, ao psicólogo (durante o tratamento), que avalia fatores emocionais que possam estar subjacentes a hábitos de sução deletérios e ao terapeuta da fala (após o tratamento), para avaliar e reeducar, se necessário, as alterações musculares de língua, lábios e bochechas.

A articulação entre esta equipa multidisciplinar é essencial para o sucesso do tratamento da mordida aberta anterior.