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Alergia à Penicilina: reconhecer e orientar

publicado em 17 Nov. 2023

Cerca de 8% da população refere ser alérgica a algum medicamento e os medicamentos mais frequentemente envolvidos são os antibióticos beta-lactâmicos (onde se inclui a penicilina), mas a grande maioria destas reações não são realmente alérgicas.

 

Para o caso particular da penicilina, cerca de 90% dos doentes com história de alergia à penicilina, quando convenientemente estudados, podem voltar a tomar este antibiótico.

Reconhecer

Apesar do aumento na incidência de reações adversas a medicamentos apenas uma pequena percentagem são reações alérgicas e potencialmente graves.

 

As reações podem ter diversas apresentações clínicas e são consideradas imediatas se ocorrerem nas primeiras 6 horas após a administração do fármaco ou não imediatas se ocorrerem depois disso.

 

Na maioria das reações há envolvimento da pele, manifestando-se por vermelhidão, comichão, urticária ou angioedema. Menos frequentemente, podem ocorrer vómitos, dor abdominal, hipotensão arterial ou anafilaxia.

Orientar

A Infeciologia tem por missão a prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças infeciosas, sendo que a suspeita de alergia aos antibióticos constitui um importante problema de saúde pública, já que a alergia à penicilina se associa a maior uso de antibióticos alternativos, com mais efeitos adversos, menor eficácia e consequentemente, maior taxa de internamentos e custos económicos.

 

Por isso, a orientação para a Imunoalergologia permitirá que muitos doentes com história de alergia a antibióticos não fiquem privados de medicamentos que possam vir a necessitar no futuro e que são o tratamento de primeira linha na maioria das infeções.

 

Caso a alergia se confirme, será prestado um aconselhamento sobre os medicamentos a evitar, quais as alternativas existentes e, em caso de não haver alternativa, poderá ser realizado um protocolo de dessensibilização, que em algumas situações clínicas permite a administração do antibiótico mesmo no doente alérgico.

 

Por estas razões, o reconhecimento e orientação de doentes com suspeita de alergia a antibióticos, nomeadamente beta-lactâmicos, deve ser uma prioridade para se poder assegurar um tratamento eficaz e seguro em infeções futuras.