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Vigilância da Saúde da Mulher

publicado em 02 Jun. 2023

A Saúde da Mulher apresenta diversos desafios, designadamente o planeamento familiar no decurso da idade fértil, sendo importante a promoção da gravidez desejada, planeada e adequadamente vigiada, subsequentemente, a menopausa e cuidados posteriores de forma a promover um envelhecimento saudável.

 

A vigilância clínica preconizada por Medicina Geral e Familiar deve ter uma periodicidade pelo menos anual, podendo estar indicada uma vigilância mais frequente dependendo da fase de vida ou presença de doença crónica e/ou fatores de risco que o justifiquem.

 

Em Portugal, a contraceção ainda é uma responsabilidade maioritariamente atribuída pelo casal à mulher, o que requer uma revisão anual do método contracetivo de forma a avaliar a  adequação, adesão e contraindicações que possam ter surgido e indicar a necessidade de mudança de método.

 

A avaliação clínica deve focar o estado de saúde atual (doenças conhecidas e medicação habitual), antecedentes pessoais e familiares, hábitos alimentares e toxicológicos (consumo de medicação e/ou drogas de abuso, álcool e tabaco) recorrendo a um modelo que integre  os fatores biológicos, psicológicos e sociais.  Após proceder à revisão sistemática e exame objetivo, afere-se a eventual prescrição de exames complementares de diagnóstico:

  • Estudo hematológico – durante a idade fértil, a mulher é particularmente propensa ao desenvolvimento de anemia, principalmente se tiver perdas hemáticas mensais abundantes. Caso apresente antecedentes ou sintomas sugestivos de anemia, mais importante se torna a inclusão do hemograma e estudo da cinética do ferro na  bateria de exames a realizar.

 

  • Estudo bioquímico – os parâmetros que mais frequentemente se avaliam são o perfil hepático, renal, doseamento de glicose, fracções de colestrol e triglicerídeos, existem muitos outros parâmetros que dependendo do contexto, podem estar indicados.

 

  • Estudo de doenças sexualmente transmissíveis – deve ser feito sempre que se justifique: após contacto sexual de risco ou exposição acidental ou intencional a sangue e derivados.

 

  • Estudo do estado nutricional – importante na desnutrição, mulheres com restrições alimentares e após procedimentos cirúrgicos específicos para tratamento da obesidade.

 

  • Estudo hormonal – pode justificar-se em diversas situações. Os parâmetros que se avaliam com mais frequência são as hormonas tiroideias ou por sintomatologia sugestiva ou por antecedentes familiares.

 

  • Estudo pré-concecional – deve ser feito logo que se planeie uma gravidez. Pode estar aconselhada a vacinação contra a rubéola sob compromisso de não engravidar nos 3 meses seguintes. Deve ser feita suplementação com ácido fólico e iodo pelo menos 2 meses antes de engravidar.

 

  • Vigilância da gravidez de baixo risco – deve ser feita avaliação analítica e ecográfica em cada trimestre. Em caso de risco, a avaliação é diferenciada.

 

  • Rastreio Oncológico – deve ser promovida a adesão aos rastreios do cancro da mama, colo do útero e cólon. Os antecedentes familiares podem tornar adequado iniciar estes rastreios mais cedo. Deve ser promovida a cessação tabágica junto das fumadoras, podendo também ser incluídas no programa de rastreio de cancro do pulmão.

 

  • Estudo de densidade óssea – pode estar aconselhado a partir dos 50 anos de acordo com a escala de avaliação do risco de fratura óssea, em alguns casos pode estar indicado em idades mais jovens.

 

  • ECG e restante estudo cardíaco – a documentação de ECG de base permite comparação com exames subsequentes, a repetição e estudos adicionais são orientados pela clínica, antecedentes e estados patológicos.

 

  • Estudos imagiológicos a selecção é orientada pela clínica e antecedentes.

 

  • Outros – há muitos outros parâmetros que podem estar indicados, no entanto, a decisão da prescrição é individual.

 

A periodicidade de repetição dos estudos deve ser individualizada de acordo com diversos fatores. Após cada avaliação clínica, deve ser promovido de forma eficaz um estilo de vida saudável.