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Quando levar os meus filhos ao oftalmologista

publicado em 15 Dez. 2019

A primeira observação do olho está integrada na avaliação de rotina de um recém-nascido. Crianças que tenham suspeita de anomalia ocular, fatores de risco (prematuridade, doença genética/metabólica, alteração neurológica, doença sistémica que possa ter atingimento do olho) ou antecedentes familiares de doença ocular devem ser observados independentemente da idade por um oftalmologista.

 

Tratando-se de uma criança saudável e sem sintomas, a primeira visita ao oftalmologista deve ocorrer até aos três anos de idade. Mesmo que não exista colaboração suficiente para quantificar a acuidade visual, é possível detetar fatores de risco e corrigi-los. Mais tarde, recomenda-se nova consulta entre os 5-6 anos de idade, antes de ingressar na escolaridade obrigatória. Depois disso, devem realizar-se avaliações periódicas conforme indicação do oftalmologista.

 

Para falar de oftalmologia na idade pediátrica, é importante primeiro esclarecer que apesar da estrutura do aparelho visual estar completamente formada ao nascimento, a função visual, que resulta da interação entre os olhos (que captam a imagem) e o cérebro (que interpreta e dá significado à imagem captada), se vai desenvolvendo gradualmente ao longo da infância e que, de certo modo, à semelhança de outras competências na criança, é também um processo de “aprendizagem”.

 

Os erros refrativos não corrigidos (miopia, hipermetropia e astigmatismo) e o estrabismo (desalinhamento dos olhos), que são as alterações oftalmológicas mais comuns desta idade, podem afetar esse processo de aprendizagem visual e causar ambliopia.

 

A ambliopia é uma condição em que a visão do olho é inferior ao normal ainda que este aparente ser saudável (“olho preguiçoso”). Isso acontece porque o cérebro ao receber imagens pouco nítidas desse olho (durante o referido período crítico de desenvolvimento visual), acaba por suprimi-las. Essa condição torna-se irreversível se não for detetada e tratada atempadamente (geralmente até aos 7 anos). Para tratar a ambliopia é preciso perceber a causa e atuar em conformidade, podendo passar pelo uso de óculos e pela oclusão (tapar o olho não-amblíope “o melhor olho”, de forma a provocar uma estimulação visual mais intensa do olho amblíope – “puxar pelo olho preguiçoso”).

 

Os sintomas e sinais que podem alertar que uma criança vê mal são, nomeadamente, dores de cabeça, desinteresse pelas tarefas que exijam esforço visual, semicerrar os olhos para ver, esfregar os olhos, fraco rendimento escolar e erros a copiar do quadro. Ao contrário do que acontece nos adultos, as crianças muitas vezes não verbalizam as alterações da visão, seja pela sua tenra idade, seja porque nunca conheceram uma realidade visual diferente da que apresentam.

 

Deste modo, surge a necessidade de avaliar periodicamente a visão dos mais pequenos, de forma a detetar e tratar precocemente alterações que possam impedir o normal desenvolvimento da visão, que é um dos mais importantes sentidos para o desenvolvimento físico e cognitivo da criança.