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Tonturas: impacto na qualidade de vida

publicado em 22 Abr. 2021

As alterações do equilíbrio são um problema que atinge cada vez mais pessoas e de todas as idades.

 

Os termos médicos associados às alterações de equilíbrio são frequentemente usados incorretamente. As sensações de “vertigem”, “tontura” ou “desequilíbrio” não são equivalentes, correspondendo a diagnósticos e tratamentos distintos, pelo que um parecer médico especializado é fundamental.

 

O médico otorrinolaringologista com formação em otoneurologia tem um papel fundamental no seu diagnóstico e tratamento. A colheita da história clínica detalhada, com ênfase nas queixas do doente, permite identificar a causa da vertigem em 75% dos casos.

 

Em algumas situações, os sintomas de vertigem podem ser tratados pelo próprio otorrino durante a consulta. É o caso da VPPB (Vertigem Posicional Paroxística Benigna), que se deve à deslocação de otólitos (muitas vezes chamados “cristais”) no ouvido interno. O doente, geralmente, inicia as queixas ao virar-se ou levantar-se da cama e as queixas intensificam-se sempre que mobiliza a cabeça. Esta é a causa mais frequente de vertigem e é tratada sem medicação, na maioria das vezes com melhoria imediata, através de manobras de reposição realizadas pelo médico.

 

A VPPP (Vertigem Postural Persistente de Perceção) é uma entidade cada vez mais frequente. Trata-se de uma disfunção crónica, sem lesão estrutural, caraterizada por vertigem não rotatória e instabilidade. Origina sintomas que são mais intensos quando se está na posição de pé e quando há estímulos visuais em movimento. Há alguns exemplos típicos: os doentes relatam mais tonturas quando andam a pé, quando estão sentados em locais muito movimentados, como restaurantes ou a observar o trânsito.

 

O doente com alteração do equilíbrio muitas vezes refere dificuldade de concentração, cefaleias e cansaço. A insegurança física gerada pela tontura leva muitas vezes a que a pessoa deixe de fazer as suas rotinas, deixe de conduzir e deixe de sair à rua, conduzindo a perda de autoconfiança, ansiedade, depressão e por vezes ataques de pânico. Assim, os doentes acabam por deliberadamente restringir as atividades físicas, viagens e reuniões sociais, com o intuito de reduzir o risco de aparecimento destes sintomas desagradáveis e que geram medo e vergonha.

 

A maioria dos doentes com estas alterações não tem antecedentes psiquiátricos, mas estes podem ser de tal forma desafiantes que o stress e o receio de realizar simples tarefas do seu dia a dia podem levar a perda de emprego e desistência de boas oportunidades profissionais.

 

Muitas vezes o doente evita a ida ao médico, o que faz perpetuar os sintomas por meses ou mesmo anos. Este atraso no diagnóstico leva a que os tratamentos sejam mais demorados, com implicações na obtenção dos resultados pretendidos. Assim, considera- se fundamental a avaliação pelo otorrinolaringologista com formação em otoneurologia sempre que surjam alterações do equilíbrio.